A colonização alemã
Imigrantes alemães (portalsaofrancisco.com.br) |
Por mais de 300 anos, após o descobrimento do Brasil, o Rio Grande do
Sul foi dos índios. Os habitantes desta terra eram os nativos e a eles a
grande área da província gaúcha pertencia. Quem vinha de fora é que
tentava colonizar a região.
Coube aos alemães esta tarefa, com o trabalho e terra sendo moeda de
troca na defesa das fronteiras brasileiras. Partindo da Europa rumo a
América surgiam sonhos, anseios, dificuldades e um sentimento ainda
pouco experimentado: a saudade de casa. Um novo mundo os esperava no sul
do continente americano.
Um barco vindo da Alemanha trazia 39 esperançosos imigrantes.
Deveriam ter sido 40, mas uma mulher acabou falecendo no trajeto. Seis
eram católicos e 33 evangélicos.
Os colonizadores atracaram em Porto Alegre em 18 de julho de 1824,
sendo recebidos pelo presidente da Província, José Feliciano Fernandes
Pinheiro. Depois, foram encaminhados para São Leopoldo, chegando pelo
Rio dos Sinos e desembarcando na Real Feitoria do Linho-Cânhamo à margem
esquerda das águas. Era 25 de julho de 1824 e os alemães, momentos
depois de sua chegada, realizaram o primeiro culto evangélico do Estado.
Porque os alemães vieram
Hamburgo, Alemanha |
Em 1822, o major Jorge Antônio Schaffer foi enviado pelo Imperador Dom
Pedro para a corte de Viena e demais cortes alemãs, para angariar
colonos e conseguir soldados para o Corpo de Estrangeiros situado no Rio
de Janeiro.
Este último objetivo não foi declarado, mas era mais importante do
que o primeiro. Era assim que o Brasil iria garantir sua independência,
ameaçada pelas tropas portuguesas que continuavam na Bahia, e pela
recusa de Portugal em reconhecer o novo país.
O império anunciou aos interessados que eles receberiam 50 hectares
de terra com vacas, bois e cavalos no Brasil, auxílio financeiro,
isenção de impostos e serviços nos primeiros dez anos, liberação do
serviço militar, nacionalização imediata e liberdade de culto.
A tal promessa do imperador foi cumprida apenas em parte. Aqui, os
imigrantes receberam 77 hectares e não 50. Já a nacionalização e a
liberdade de culto contrariavam a constituição brasileira. Mesmo que o
cumprimento da promessa não tenha sido integral, aos colonos a posse da
terra era o que interessava. Na época, a Alemanha era essencialmente
rural. Existiam os senhores (donos de áreas de terra) e seus servos
(cultivavam, mas não tinham a posse e cumpriam obrigações ao senhor).
Os imigrantes vieram de diferentes regiões da Alemanha, como
Holstein, Hamburgo, Mecklemburgo, Hannover, Hunsrüch, Palatinado, além
de grupos de pomeranos, westfalianos, wurtembergenses e boêmios.
A casa que abrigou os imigrantes foi erguida em outubro de 1788 e lá
funcionava a Feitoria do Linho-Cânhamo, onde este vegetal era cultivado
para a fabricação de cordas para os navios a vela da época.
Fonte:www.novohamburgo.org
Onde se estabeleceram
Johann Becker e Catharina - Johann era filho de Nicolau Becker. (memoriadopovoalemao.blogspot.com) |
Para alguns o primeiro colonizador alemão a se instalar na região foi Nicolau Becker, que chegou ao Brasil em 1797. Estabeleceu-se na região de Hamburgo Velho abrindo um curtume e uma selaria.
Em 1822, vieram nove casais açorianos e se estabeleceram no local conhecido como Rincão dos Ilhéus.
Em 1824, chegaram os primeiros imigrantes alemães, estabeleceram-se na região de Lomba Grande, Estância Velha, Dois Irmãos e Ivoti. Aqui instalados encontraram inúmeras dificuldades:
- hostilidade dos índios;
- a falta de meio de transporte para os produtos produzidos;
- a falta do conhecimento do trato da terra;
- a falta do apoio do governo.
Muitos, além do trabalho agrícola, foram se dedicando a uma ocupação específica, surgindo, então os primeiros ferreiros, seleiros e sapateiros. O primeiro sapateiro de Novo Hamburgo foi Henrique Schaefer. A primeira ferraria foi aberta por Henrique Müller. O primeiro alfaiate foi Cristiano Kolrausch. Os primeiros negociantes foram Luíz Kerting e Carlos Zimmermann.
Fonte: SCHUTZ, Liene M. Martins. Novo Hamburgo, Sua história, sua gente. Porto Alegre. Pallotti, 2 ed. 1992. p. 35.
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